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Como Elaborar uma Procuração: Conceito e Dicas Essenciais

Escrito por Luis Guilherme | 02/10/24 20:23

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem transformado diversos setores, causando uma revolução que passou a impactar simples ações que fazem parte do nosso cotidiano, trazendo melhorias e praticidade impensáveis, incluindo auxílio na elaboração de procurações.

A procuração é um importante documento jurídico utilizado para formalizar a transferência de poderes entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Por meio dela, é possível que uma pessoa específica dê autoridade, ou poder, a outra para agir em seu nome em determinadas situações. 

Esse documento é amplamente utilizado em diversas áreas do direito e da vida cotidiana, sendo parte essencial para a prática de atos que vão desde uma simples representação em bancos, a celebração de contratos complexos e até mesmo casamento. 

De tal forma, a elaboração correta e cuidadosa de uma procuração é fundamental para que ela sirva ao objetivo proposto e não se torne insignificante e sem efeito. 

Neste artigo, vamos mergulhar no universo das procurações, abordando tanto as versões públicas quanto as privadas. Iremos explorar em detalhes o que são, suas finalidades e as melhores práticas para sua elaboração, além de como a Inteligência Artificial pode melhorar e impulsionar cada vez mais esse processo.

Tipos de procuração

As procurações são divididas em duas classificações principais, públicas e privadas. Sendo que a principal diferença entre elas está no processo de sua elaboração, bem como na força probatória tendo em vista que uma possui fé pública e a outra não.

Procuração pública

O processo de criação de uma procuração pública requer alguns requisitos, são eles:

  1. Elaboração: para isso, a pessoa responsável por conceder poder - chamado de outorgante - deve redigir o documento, depois dirigir-se a um cartório de notas para que haja registro por um tabelião. Para isso, não há necessidade do comparecimento do procurador (outorgado). 
  2. Formato: O conteúdo da procuração é lavrado em livro próprio do cartório, e uma cópia é entregue ao outorgante. Essa procuração é feita em um documento formal e público, conferindo autenticidade e validade jurídica à procuração, tornando-a um documento público reconhecido legalmente.
  3. Validade e Alcance: como uma procuração pública possui “fé pública”, presume-se que seja verdadeira e autêntica até que se prove o contrário. Isso confere um nível elevado de confiança e segurança jurídica ao documento, tornando-se útil em situações específicas como transações imobiliárias ou interações com órgãos públicos.
  4. Acesso: Por ser uma procuração pública, com reconhecimento legal, qualquer pessoa pode solicitar uma cópia dessa procuração no cartório.
Procuração particular ou privada
  1. Elaboração: neste caso a procuração é redigida pela pessoa denominada outorgante, ou por seu representante legal, o advogado, sem que haja necessidade do registro em cartório. Essa versão requer menor grau de formalidade e é mais flexível, sendo bastante utilizada.
  2. Formato: o conteúdo pode ser redigido em papel comum, ou digitalmente, com a assinatura do outorgante. Dependendo da natureza dos poderes conferidos, é possível que seja exigido o reconhecimento de firma em cartório para dar autenticidade à assinatura.
  3. Validade e Alcance: Possui validade jurídica, mas não possui fé pública, assim não partilha da mesma presunção de autenticidade que uma procuração pública. Pode ser usada em situações do cotidiano, como movimentação bancária ou administração de bens, desde que não exijam o rigor de uma procuração pública.
  4. Acesso: É um documento privado que apenas as partes envolvidas podem ter acesso, a não ser que haja necessidade de apresentar em juízo, isto é, na justiça, ou a terceiros.

Qual tipo de procuração escolher?

Para escolher a procuração ideal, depende muito da necessidade que cada caso requer, ou seja, depende do ato que será realizado e do nível de formalidade exigido - seja pelo ato ou pelo órgão competente. 

Atos que envolvem maior risco, formalidade ou exigências legais, como por exemplo, compra e venda de imóveis, costumam necessitar de uma procuração pública. Em contrapartida, atos cotidianos requerem procurações privadas.

Principais cláusulas em uma procuração

A elaboração de uma procuração, seja ela pública ou privada, exige atenção aos requisitos que garantirão a sua validade e eficácia. 

Muito embora as procurações, com exceções das públicas, não tenham um formato definido, existem alguns pontos fundamentais que uma procuração deve apresentar. Confira abaixo, alguns desses principais elementos:

  1. Identificação Completa das Partes

Inicialmente, o documento deve incluir a qualificação completa do outorgante e do outorgado, contando com nome completo, RG, CPF, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço. No caso de pessoas jurídicas, deve-se incluir a razão social, CNPJ, e o nome do representante legal.

  1. Objeto, ou poderes, da Procuração

Esta é a cláusula mais importante de uma procuração. É nela que você vai de fato descrever quais os poderes que você está transferindo, por isso, clareza nessa definição é crucial. 

Por exemplo, se a procuração é para a venda de um imóvel, é importante que ela especifique que o outorgado pode assinar contratos de venda, receber pagamentos e transferir a propriedade. 

É recomendado não utilizar termos vagos como "representar em qualquer assunto", tendo em vista que isso pode abrir margem para interpretações indesejadas dos poderes outorgados. 

  1. Prazo de Validade

A procuração deve sempre especificar se tem prazo determinado ou se é válida até a realização de um ato específico. 

Procurações com prazos indeterminados não são recomendadas, especialmente em casos onde o outorgante não deseja manter a delegação de poderes por longos períodos. O motivo disso é que sem uma revogação, a procuração continuará vigente por todo o período em que a revogação não for realizada. 

Em transações comerciais ou bancárias, que são mais pontuais, prazos curtos são recomendados para evitar o uso indevido após a realização do ato pretendido.

Por outro lado, em processos judiciais, procurações com períodos muito curtos podem gerar a necessidade de renovar a procuração por várias vezes. 

Se não for possível estimar um prazo, o mais recomendado é manter a validade até a realização do ato pretendido.

  1. Cláusula de Substabelecimento

Esta cláusula permite, ou proíbe, que o outorgado transfira os poderes recebidos para uma terceira pessoa, parcial ou totalmente. 

Nessa cláusula deve ser prevista se é possível ou não conceder esse substabelecimento, e se for possível qual será sua extensão. 

O substabelecimento é útil em situações onde o outorgado não pode exercer pessoalmente os poderes recebidos, mas pode confiar essa tarefa a outro e cabe ao outorgante entender se a procuração deverá ser personalíssima ao outorgado ou se cabe a possibilidade do substabelecimento.

  1. Revogação

Toda procuração pode ser revogada pelo outorgante a qualquer momento. No entanto, para garantir maior segurança jurídica, é recomendável que a procuração contenha uma cláusula de revogação, estabelecendo como e quando a revogação pode ser realizada. Isso pode incluir a necessidade de notificação ao outorgado ou o registro de um novo documento de revogação em cartório.

  1. Assinatura e Reconhecimento de Firma

Para que a procuração tenha validade, ela deve ser assinada pelo outorgante. Em alguns casos de maior formalidade, é necessário o reconhecimento de firma em cartório, mas em outros casos a simples assinatura já é o suficiente. 

Além disso, é possível a assinatura por meios digitais como, por exemplo, na ferramenta de assinaturas do Gov.br.

Boas práticas na elaboração de procurações

A criação de uma procuração vai além da simples inclusão dos elementos obrigatórios, mas também contempla a adoção de boas práticas que garantam a clareza, validade e, principalmente, maior segurança jurídica. 

Confira algumas recomendações:

  1. Uso de linguagem clara e objetiva

Clareza e objetividade na redação é essencial para evitar interpretações ambíguas ou equivocadas que possam comprometer a eficácia ou segurança da procuração. 

É importante evitar jargões legais complexos, a não ser que seja estritamente necessário, e dar preferência à uma linguagem mais simples para facilitar o entendimento tanto para o outorgante quanto para terceiros que venham a analisar o documento.

  1. Personalização à situação

Procurações elaboradas de forma genérica podem não atender adequadamente às necessidades específicas do outorgante, ou podem representar algum grau de insegurança jurídica. 

Portanto, é valioso personalizar cada procuração com base no contexto exato em que esta será utilizada. Assim, por exemplo, uma procuração para representação em um processo judicial deve detalhar todos os poderes relacionados.

  1. Alinhamento com o Outorgado

Antes de formalizar a procuração, é aconselhável que o outorgante alinhe com o outorgado os poderes que serão delegados, de forma que fique claro quais são os poderes necessários para o ato pretendido e qual é a finalidade para cada poder requisitado.

  1. Verificação legal e revisão

Sempre que possível, uma revisão final por um advogado é altamente recomendada, especialmente em casos de procurações complexas ou que envolvam grandes responsabilidades. 

Essa revisão pode identificar possíveis e eventuais falhas, omissões ou ambiguidades que possam comprometer o documento ou sua segurança jurídica.

  1. Registro em cartório

Para alguns atos, como venda de imóveis ou contratos de alto valor, o registro da procuração em cartório é obrigatório ou altamente recomendável. Essa ação confere maior segurança jurídica ao documento, garantindo sua autenticidade e validade.

  1. Controle de e Cópias

Tanto o outorgante quanto o outorgado devem manter cópias da procuração em locais seguros. Em casos de revogação, é importante que todas as cópias sejam recuperadas ou invalidadas para evitar o uso indevido do documento.

Inteligência Artificial no Direito e processos mais rápidos

A Inteligência Artificial (IA) tem ganhado destaque nos últimos anos, trazendo alto impacto para diversos setores, incluindo o campo jurídico.

A aplicação da IA no direito transforma a maneira como os advogados trabalham, otimizando processos como automação de tarefas, criação de peças jurídicas, contratos e pesquisa jurídica, garantindo maior precisão no uso das informações. Esse tipo de ferramenta possibilita facilitar a redação de documentos, adaptar modelos padrões às necessidades específicas de cada cliente.

Uma das grandes vantagens da Inteligência Artificial no campo do Direito é a habilidade de processar grandes volumes de dados de maneira eficiente. Os bancos de dados jurídicos estão repletos de jurisprudências, estatutos e regulamentos, e navegar por toda essa informação pode ser um desafio demorado. 

O Assistente Lexter, por exemplo, torna essa tarefa muito mais ágil e prática, permitindo que os profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas. Suas funcionalidades atuam de maneira que processar dados não estruturados e executar tarefas seja rápido e eficiente.

Como a Inteligência Artificial auxilia na Procuração

A criação de uma procuração pode parecer um processo complicado, mas com a tecnologia do Assistente Lexter, é possível facilitar essa tarefa por meio da pesquisa jurídica, utilizando a funcionalidade Dúvida Jurídica.

O Assistente Lexter te ajuda a:

  • Manter-se a par das mudanças nas leis que podem impactar a validade e os requisitos de uma procuração, o que é especialmente importante em contextos onde a legislação está em constante evolução;
  • Baseando-se na situação específica do usuário, o assistente pode fornecer informações personalizadas, como restrições legais ou particularidades do estado em que a procuração será utilizada;
  • O assistente pode responder a dúvidas comuns, como “Qual é a validade de uma procuração?” ou “Como revogar uma procuração?” de forma rápida e eficaz;
  • Além de também explicar tudo sobre benefícios tributários e tirar dúvidas sobre as práticas jurídicas.

Toda procuração precisa de reconhecimento de firma? 

A resposta é não, nem toda procuração precisa de reconhecimento de firma para ser válida. 

O reconhecimento de firma é um procedimento que autentica a assinatura de uma pessoa em um documento, confirmando que a assinatura pertence de fato ao outorgante. No entanto, a exigência desse procedimento depende da natureza do ato que será praticado com a procuração e das exigências de quem vai receber o documento.

Situações em que o reconhecimento de firma pode ser exigido:

  1. Atos de Maior Formalidade: 

Em transações imobiliárias, bancos, ou outros casos que envolvem valores altos ou riscos, é comum que se exija o reconhecimento de firma. Isso oferece uma camada extra de segurança e autenticidade ao documento.

  1. Requisitos de Instituições:

Algumas instituições (financeiras e órgãos públicos) podem exigir o reconhecimento de firma para aceitarem uma procuração, mesmo que a lei não o exija diretamente.

  1. Garantia de Autenticidade: 

Quando há dúvida sobre a autenticidade da assinatura, o reconhecimento de firma pode ser solicitado para assegurar que a assinatura é legítima.

Situações em que o reconhecimento de firma não é necessário:

  1. Procurações públicas: 

Como as procurações públicas são lavradas em cartório, elas já possuem fé pública e não necessitam de reconhecimento de firma, pois o tabelião já atesta a autenticidade do documento e da assinatura.

  1. Atos cotidianos e procurações particulares simples: 

Para ações e procurações simples, como autorizar uma terceira pessoa a retirar documentos ou administrar bens de pequeno valor, o reconhecimento de firma pode não ser necessário. Assim, não havendo exigência legal ou institucional, uma procuração particular assinada sem reconhecimento de firma ainda é válida.

  1. Procurações assinadas digitalmente: 

Se uma procuração foi assinada digitalmente com um certificado digital, ela já possui toda a autenticidade e validade necessárias, sem precisar de reconhecimento de firma.

Assinaturas digitais ou eletrônicas em procurações

As assinaturas digitais, ou eletrônicas, já são uma realidade, sempre oferecidas inclusive no site do Governo Federal. 

De todo modo, a utilização de assinaturas digitais em procurações depende de alguns fatores legais e tecnológicos que garantem a autenticidade e validade do documento. Assim, a escolha do tipo de assinatura digital deve ser feita com base na natureza do ato e no nível de segurança exigido. 

Muito embora assinatura eletrônica e assinatura digital sejam tratadas como sinônimos, nesse artigo usaremos o termo assinatura digital. Confira abaixo:

  1. Assinaturas digitais simples:
    • Definição: A forma mais básica de assinatura digital. Pode incluir métodos como login e senha, clique para concordar, ou a assinatura digitalizada.
    • Validade: Em geral, tem validade limitada para documentos que não exigem um alto nível de segurança. Pode ser suficiente, não havendo exigências em sentido contrário, para procurações de menor complexidade ou que não envolvem grandes riscos.
  2. Assinaturas digitais avançadas:
    • Definição: É uma assinatura digital que utiliza métodos que asseguram a integridade do documento e a identidade do assinante. Pode incluir o uso de certificados digitais não emitidos por uma autoridade certificadora, mas que garantem que a assinatura é exclusiva e inalterável.
    • Validade: Oferece maior segurança e pode ser usada em procurações que exigem um nível moderado de autenticidade.
  3. Assinaturas digitais qualificada:
    • Definição: Realizada por meio de um certificado digital emitido por uma Autoridade Certificadora credenciada pela ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira). É a forma mais segura e juridicamente reconhecida de assinatura digital.
    • Validade: Tem a mesma força probatória de uma assinatura manuscrita com firma reconhecida. Pode ser usada para qualquer tipo de procuração, incluindo aquelas que demandam um alto nível de segurança, como transações imobiliárias ou representações perante órgãos públicos.

Aplicação das assinaturas digitais em procurações

  1. Procurações digitais:
    • Elaboração:
      Uma procuração pode ser elaborada e assinada digitalmente. Para que tenha validade jurídica plena, especialmente em atos que exigem maior segurança, é recomendável o uso de uma assinatura digital qualificada.

    • Registro e Armazenamento:
      Dependendo do tipo de procuração, ela pode ser registrada em um cartório eletrônico, garantindo o mesmo nível de segurança e publicidade que uma procuração pública tradicional.

  2. Validade Jurídica:
    As assinaturas digitais qualificadas têm validade jurídica em todo o território nacional, equiparando-se às assinaturas manuscritas com firma reconhecida e a  legislação brasileira, como a Lei nº 14.063/2020 e a Medida Provisória nº 2.200-2/2001, estabelece os requisitos para o uso de assinaturas digitais e sua validade.


  3. Vantagens:
    • Agilidade: Permite a elaboração e assinatura de procurações de forma rápida, sem a necessidade de deslocamento ao cartório.
    • Segurança: Assinaturas digitais qualificadas garantem a integridade do documento e a autenticidade da assinatura.
    • Acessibilidade: Facilita a celebração de procurações entre partes em diferentes localidades.

Conclusão

Elaborar uma procuração é um processo que demanda atenção aos detalhes e um entendimento profundo das implicações jurídicas. 

Seja para um simples ato de representação ou para transações mais complexas, uma procuração bem redigida é essencial para proteger os interesses do outorgante e garantir que o outorgado possa agir com segurança e dentro dos limites estabelecidos.

Ao seguir as boas práticas e assegurar que todos os elementos essenciais estejam presentes, você pode criar um documento que atenda plenamente às necessidades das partes envolvidas. 

O Assistente Lexter pode ser um auxílio valioso na criação de procurações, facilitando a compreensão da legislação que é tão importante nesse processo.

Isso não apenas proporciona segurança jurídica, mas também torna o uso da procuração mais prático e eficiente. Portanto, investir tempo na elaboração adequada desse instrumento é um passo fundamental para garantir que suas relações contratuais sejam bem-sucedidas e desprovidas de complicações.